sábado, 12 de setembro de 2009

Brasil tem menos mulheres no poder que média mundial.

Brasil tem menos mulheres no poder que média mundial
O Brasil tem um dos piores índices de representação de mulheres no poder público, com uma média que chega a ser inferior a dos países árabes, região considerada como uma das mais problemáticas em termos de direitos das mulheres.
Dados divulgados hoje pela União Interparlamentar (UIP) indicam que a média de mulheres no Congresso Nacional ou nos postos de ministro está abaixo da média latino-americana e mesmo da média mundial.
Entre os 156 países avaliados pela entidade, o Brasil ocupa apenas a 108 posição no que se refere ao número de mulheres na Câmara de Deputados.
O índice registrado é de 9%, ou seja, 46 deputadas entre 513 membros.
No Senado, 12,3% são mulheres, dez de um total de 81 senadores. Segundo a UIP, países como Gâmbia, Sierra Leoa, Níger, Síria, Sudão, China e Iraque contam com números mais positivos de participação feminina no poder que o Brasil.
A média brasileira é ainda quase metade da média mundial. No mundo, 17,7% dos parlamentares são mulheres, número recorde desde 1945. Há dez anos, esse índice era de apenas 11%. Nos senados, a proporção chega a 16,7%. Apesar do progresso dos últimos anos, a UIP acredita que uma paridade entre homens e mulheres no poder somente ocorrerá em 2050. Hoje, a liderança é de Ruanda, com 48,8% de mulheres ocupando cadeiras nas câmaras de deputados, seguido pela Suécia, com 47%, Finlândia com 41% e Argentina com 40%.

22/06/09 -Sub-representação feminina na política é discutida em Congresso da LASA

Realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 11 e 14 de junho, mais uma edição do Congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA). Entre os diversos assuntos em discussão, o painel “Partidos Políticos e Equidade de Gênero na América Latina” contou com a participação de representantes do Brasil, da Argentina e do Chile, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Instituto para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA).

“A avaliação é que a América Latina está longe de alcançar a paridade de gênero na política”, afirmou José Eustáquio Diniz Alves, professor do Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE). Alves e Clara Araújo, professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, apresentaram no evento o artigo “A política de cotas no Brasil, o sistema eleitoral e a sub-representação feminina”.

Segundo o professor do ENCE/IBGE, “mesmo na Argentina, que avançou bastante na representação mais igualitária entre os sexos nos parlamentos, os partidos fazem apenas o mínimo estabelecido em lei”. Lá, a lei de cotas varia muito conforme as províncias, e um fato interessante “é que os partidos que possuem mulheres na liderança nacional garantem mais espaços para as mulheres em todos os níveis e dão mais apoio às candidaturas femininas”. No caso brasileiro, os participantes ficaram impressionados com o fato do Brasil ter uma das menores participações femininas na política parlamentar de todo o continente. “Foi consenso que o Brasil precisa mudar a formulação da lei de cotas para tornar efetiva a reserva de vagas, isto é, para que a reserva não seja vazia, mas que seja realmente preenchida”.

Segundo o gráfico que mede a participação das mulheres no Parlamento na América Latina e no Caribe, que nos foi fornecido por José Eustáquio Diniz Alves, o Brasil aparece na 3ª pior posição entre os 29 países avaliados, com 9% de representação feminina, abaixo apenas do Haiti (4,1%) e da Colômbia (8,4%). O país mais bem representado é Cuba, que tem 43,2% de mulheres no Parlamento, seguido da Argentina, com 40%, e Costa Rica, com 36,8%.

No artigo apresentado pelos pesquisadores brasileiros no Congresso da LASA, estiveram em discussão os motivos que levam à baixa representação feminina na política brasileira. De acordo com indicadores sociais e dados das últimas eleições, as informações levam a algumas análises, como a de que as conquistas sociais femininas das últimas décadas não foram acompanhadas de maior inserção na política. Também esteve em questão que a sub-representação não depende do desenvolvimento sócio-econômico das diversas regiões e unidades da federação; a reeleição é um fator que mantém a atual composição de gênero no Parlamento; as mulheres mais jovens estão entrando para a política em maior proporção que os homens; e os partidos menores e de esquerda são os que têm maior presença feminina e onde elas têm maiores chances para se eleger. Dados que, segundo Araújo e Diniz, “permitem a recusa à tese da apatia das mulheres em relação à política”.

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